Esta data é ligada a uma proposta feita em 1910, pela
líder comunista alemã Clara Zetkin, durante o II Congresso Internacional de
Mulheres Socialistas para lembrar operárias mortas durante um incêndio que
ocorreu em uma fábrica em
Nova York , em 1857.
Mas
há controvérsias quanto a esta versão. Segundo a socióloga Eva Alterman Blay,
coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações de Gênero (Nemge) e
professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o
acidente de 1857 não aconteceu. Pelo menos não na data em que é lembrado.
De
acordo com Eva Blay o incêndio que se relaciona ao Dia Internacional da Mulher
foi o que aconteceu no dia 25 de março de 1911, nos EUA, na Triangle Shirtwaist
Company, uma fábrica têxtil que ocupava do oitavo ao décimo andar de um prédio,
e que empregava 600 trabalhadores.
A
maioria eram mulheres imigrantes judias e italianas com idade entre 13 e 23
anos. Parte dos trabalhadores conseguiu chegar as escadas, descendo para a rua
ou subindo no telhado. Outros desceram pelo elevador.
O
fogo e a fumaça aumentaram e muitos trabalhadores desesperados pularam pelas
janelas e algumas mulheres morreram nas próprias máquinas. Na tragédia 146
pessoas morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens.
No
local do incêndio foi construída uma parte da Universidade de Nova York onde
consta uma placa com a inscrição em homenagem às vítimas do incêndio. Por causa
dessa tragédia foram criados novos conceitos de responsabilidade social e
legislação do trabalho, tornando as condições de trabalho as melhores do mundo.
Para
Eva Blay, é provável que a morte das trabalhadoras da Triangle tenha se
incorporado ao imaginário coletivo da comemoração do Dia Internacional da
Mulher. Mas o processo para instituir uma data comemorativa já vinha sendo
estudada pelas socialistas americanas e européias há algum tempo e acabou sendo
confirmada com a proposta de Clara Zetkin em 1910.
A
data passou a ser comemorada com mais intensidade na década de 60 com o
fortalecimento do movimento feminista, quando passaram a ser discutidos
problemas da sexualidade, da liberdade ao corpo, do casamento e dos jovens. O
fato é que não se sabe com precisão por que o dia 8 de março foi escolhido, mas
ele se consagrou ao longo do século XX. A consagração do direito de
manifestação pública veio com apoio internacional, em 1975, quando a
Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oficialmente a data como o Dia
Internacional da Mulher.
CURIOSIDADES
Segundo
dados do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Sócio-Econômicos as mulheres correspondem a 41% da População Economicamente
Ativa (PEA) do Brasil e mais de um quarto das famílias são chefiadas por elas.
Mas nem tudo são flores. Pela pesquisa, as mulheres possuem maior nível de
escolaridade que os homens, porém não ocupam funções compatíveis com sua
formação, além de ter remuneração menor se comparada ao sexo oposto.
PRIMEIRA MULHER DIPLOMADA NO BRASIL
De
acordo com pesquisa realizada pela professora de pós-graduação em História Social da
USP Maria Regina da Cunha Rodrigues Simões de Paula a primeira mulher diplomada
no Brasil foi a médica Rita Lobato Velho Lopes (1867-1960). Segundo pesquisa,
com os impedimentos existentes na época, Rita Lobato só pode iniciar seus
estudos depois que o imperador d. Pedro II assinasse um decreto-lei.