Breno Costa
Foco Econômico
N
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o
dia 30 de maio foi anunciada a queda da Taxa SELIC do patamar de 9% ao ano para
o patamar histórico de 8,00% ao ano. A SELIC é a taxa do governo que serve como
referência para as transações do mercado financeiro – empréstimos e aplicações
em geral. Vamos observar como anda essa expectativa no mercado, qual o impacto
dessa queda no juro real e no ranking mundial desse indicador, além de entender
os impactos no mercado de crédito.
Essa
queda ratificou a expectativa do mercado de queda dos juros. Essa expectativa é
refletida em diversas fontes. A taxa de juros futura está na casa de 8%. O
Relatório Focus do dia 25-Mai aponta para taxa de 8% no final do ano. A
pesquisa da FEBRABAN de Abril mostra expectativa de fechamento dos juros para
2012 na casa dos 8,5% (provavelmente será revista para baixo na próxima pesquisa
que sairá em breve).
Vale
lembrar que até o final do ano ainda teremos mais 4 reuniões do COPOM (reunião
do Comitê de Política Monetária do Banco Central que define a Taxa SELIC). As
reuniões ocorrerão nos dias 10 e 11 de julho, 28 e 29 de agosto, 9 e 10 de
outubro, 27 e 28 de novembro.
A
Taxa SELIC é uma taxa de juros nominal. Para chegarmos na taxa de juros real,
temos que descontar a inflação. Isso ocorre porque se você aplicar R$ 1.000,00
no início de um ano e retirar no final do ano terá o valor corrigido pela taxa
nominal (no caso dos 8% ao ano, terá R$ 1.080,00), porém esse valor terá
perdido poder de compra (expresso pela inflação – atualmente na casa dos 5,1%
ao ano). Esse juro real no Brasil atualmente está na casa dos 3,2% ao ano. Com
a expectativa de inflação para os próximos 12 meses esse juro cai para a casa
dos 2,5% ao ano.
Há
um Ranking de Juros Real (apurado pela Cruzeiro do Sul Corretora). Nesse
ranking dos maiores juros reais, o Brasil agora figura em 3º lugar, atrás de
dois países do BRIC Rússia e China respectivamente. Mas vale uma observação que
o 4º lugar (Colômbia) tem juro real de 1,8%. Isso significa que mesmo que a
inflação no Brasil fique no patamar atual (5,1%) e o juro ainda caia para a
expectativa dos 8,0%, ficaremos no mesmo lugar desse ranking. Caso a inflação
atinja o centro da meta (4,5%), a SELIC deveria ser em torno de 6,5% para que
mudássemos de posição nesse ranking. Os demais países do BRIC – Índia e África
do Sul -têm taxas de juros real de respectivamente 0,4% ao ano e -0,6% ao ano
(isso mesmo, juros real negativa, ou seja, A taxa básica é menor que a
inflação)
No
mercado de crédito, como os concessores tomam dinheiro no mercado para
emprestar a seus clientes, a Taxa SELIC funciona como referência para o custo
desse capital. Dessa forma, com a queda nos custos, espera-se uma queda nos
preços dos empréstimos - tal qual uma queda nos impostos do IPI do setor
automotivo gera expectativa de queda dos preços dos carros. Acontece que essa
componente de custo é das menores que o mercado enfrenta. Há ainda custos com
perdas de créditos, impostos e custos operacionais. Dessa forma, uma queda de
0,5% ao ano deve ser imperceptível para o mercado.
Esse
mercado esse que vem sendo pressionado “na marra” a diminuir seus spreads. A
queda da SELIC ajuda um pouco, mas medidas no sentido de melhora da eficiência
operacional, condições para concessão de crédito mais adequada (exemplo do
Bureau Positivo) e eventuais quedas nos impostos são caminhos mais contundentes
no sentido de redução dos spreads no mercado brasileiro de forma estrutural,
sustentável e saudável para todos os agentes.