MARIANA VERSOLATO
FOLHA DE SÃO PAULO
O
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Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa
começará um estudo que vai avaliar dois tipos de cirurgia bariátrica na cura do
diabetes tipo 2 em pacientes "pouco gordos", com obesidade grau 1.
O
objetivo é fazer uma comparação entre três modalidades de tratamento: uma
técnica cirúrgica experimental ainda não aprovada, a cirurgia bariátrica
considerada clássica (bypass gástrico) e
o tratamento clínico (apenas com
medicamentos).
"Vamos dizer se a cirurgia experimental também
funciona e se há vantagens entre uma e outra", afirma Claudia
Cozer, endocrinologista e coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos
Alimentares do Sírio-Libanês.
A
tal da técnica experimental (gastrectomia
vertical com interposição ileal) já esteve envolvida em polêmica: é a operação
à qual o apresentador Fausto Silva se submeteu, apesar de a cirurgia não ser
aprovada no país.
Segundo
Cozer, há estudos mostrando sua eficácia, mas faltam mais evidências para que a
cirurgia seja aceita.
"A gastrectomia vertical com transposição ileal
precisa ser estudada para que a gente saiba definitivamente se ela é válida ou
não",
diz Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica.
De
acordo com Bruno Geloneze, endocrinologista e coordenador do Laboratório de
Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp, trata-se do primeiro estudo
com desenho correto e, portanto, cientificamente válido sobre o tema.
NEM TÃO OBESOS
O
estudo será feito em parceria com o Ministério da Saúde, e os voluntários devem
ser pacientes do SUS, com diabetes tipo 2 e IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 e 35.
Eles
serão divididos aleatoriamente entre os três tratamentos e acompanhados por
dois anos. O Sírio-Libanês está recrutando pessoas que se encaixem no perfil.
Os interessados devem ligar para (11) 3155-1231 ou (11) 3155-0847.
Hoje,
a cirurgia bariátrica só é autorizada no Brasil para quem tem IMC acima de 35.
No
ano passado, porém, a Federação Internacional de Diabetes afirmou que a
cirurgia pode ser uma opção para pacientes não tão obesos que não controlam o
diabetes mesmo com o melhor tratamento medicamentoso.
Diversas
pesquisas mostram remissão do diabetes entre 70% e 90% dos pacientes que fazem
a cirurgia bariátrica. Em um estudo feito por pesquisadores brasileiros,
incluindo Cohen, após seis anos de acompanhamento, a remissão da doença foi
observada em 88% dos pacientes com IMC entre 30 e 35 operados com a técnica
bypass.
Como
em toda cirurgia, claro, há riscos. Segundo Geloneze, alguns problemas podem
ocorrer quando se operam pessoas mais leves, como a perda excessiva de peso que
leva à desnutrição.