Elis
Monteiro *
E
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le
não é um telefone, mesmo que possa fazer chamadas de voz usando softwares
específicos; não tem o tamanho confortável nem o teclado de um computador;
não é portátil como um celular; não cabe
na bolsa, se esta for pequena; não é perfeito para a digitação de textos, mas
quem precisa disso, certo? Estamos falando de um aparelhinho que, a princípio,
não só não se encaixa em categoria nenhuma como traz uma série de deficiências.
Os tablets ou e-readers como o iPad, da Apple, e o Samsung Galaxy Tab, da
Samsung, são os mais novos sonhos de consumo do mundo geek. Não se pode
explicar muito bem o que são e para que servem, embora a maioria fique com a
boca cheia d’água quando vê um!
Há
tempos o mercado vem tentando emplacar um aparelho desse tipo. Nunca deu muito
certo porque faltava um ingrediente mágico: o mundaréu de aplicativos que fazem
com que os tablets sejam um universo de diversão. O pozinho mágico de Steve
Jobs também ajudou um bocado e o iPad fez a diferença: abriu as porteiras para
os modelos da concorrência tentarem fazer o que sempre fazem – algo parecido com um produto Apple.
O
iPad é mesmo “essa coca cola” toda, isso
é certo. Mesmo que a princípio não sirva para nada. Fato é que, depois que se
põe a mão em um, ele passa a servir para tudo: ler livros com um conforto
relativo (o brilho incomoda um pouco os olhos), jogar, twittar, facebookar,
organizar agenda, calendário, tudo com a pontinha dos dedos e numa tela gigante
quando comparada à de um telefone. E como não podia deixar de ser, para fazer
inveja nos outros ele é um achado!
Os
livros e revistas disponíveis na função Books só fazem encher os olhos e, para
deixar o consumidor com o gostinho de “quero mais”, é possível baixar muitos
exemplares de livros de graça – a maioria já caiu em domínio público, ou seja,
não há pagamento de direitos autorais. Depois que se entra na função Books, a
sensação é a de estar dentro de uma biblioteca, com direito a estantes e tudo o
mais. O aplicativo é muito bem feitinho e é gostoso ver as estantes se
enchendo, tal qual na vida real. Falta a possibilidade de marcar a página com a
unha, assim como o cheirinho de papel velho que os amantes de livros adoram,
mas há compensações, como a praticidade.
Passear
pela App Store, a loja de download de aplicativos do iPad e do iPhone, é uma
gostosa diversão. Encontra-se desde robôs dançantes a gatinhos que arranham a
tela, passando por softwares de correção instantânea de fotos e jogos viciantes
como o Angry Birds, coqueluche da hora.
Para
levar no avião, no metrô ou no ônibus, nada melhor que uns livrinhos digitais,
uma coisa tão louca que, depois que você começa a usar, fica se perguntando
como pôde viver sem aquilo até agora. E viveu, e bem, mas sem a delícia de
correr com os dedos pela tela, usar um fonezinho para fazer ligações (sim, o
iPad 3G também serve para falar, desde que se use o Skype ou outro programa de
Voz sobre IP) ou simplesmente jogar Paciência.
Brinquedo
de gente grande talvez seja a melhor definição para um tablet. Ele não faz
muita diferença quando o assunto é trabalho – a não ser que se adote um
tecladinho e um apoio para que ele fique na posição de desktop. Eis uma boa
saída para quem está querendo aposentar o notebook velho de guerra ou até
mesmo, coitado, aquele netbook que chegou há tão pouco tempo e já está sendo
posto de lado. O meu está – e agora fico tentando arrumar espaço para tudo isso
dentro da bolsa. Porque o iPad é como o iPhone – acaba virando um bichinho de
estimação, uma extensão do nosso corpo. Simplesmente porque carregam aquilo que
mais amamos – as fotos, a organização pessoal, as mensagens queridas, os
programas para falar com família e amigos onde quer que se esteja e, claro, um
design arrebatador porque, como dizia o mestre Nelson Rodrigues, que me
desculpem os feios, mas beleza é fundamental.
E
antes que perguntem que modelo de tablet vale mais a pena levar para casa – se
iPad ou Samsung Galaxy Tab, por exemplo – arrisco-me a dizer, do alto de quem
conhece bem os dois, que o iPad é mais bonito, mais vistoso e tem uma maçã
lindona nas costas. Mas o Galaxy Tab é mais máquina. Se não fosse a conexão
redonda que meu iPad tem com o meu MacBook e com meu iPhone, eu levaria para
casa o Galaxy Tab sem pestanejar.
*Elis Monteiro é
repórter e colunista do caderno Info etc do Jornal O Globo, foi repórter
especial do caderno Informática do Jornal do Brasil, onde participou da equipe
responsável pela criação do caderno Internet.