segunda-feira, 12 de março de 2012

POR QUE COMPRAR UM TABLET?


Elis Monteiro *

E
le não é um telefone, mesmo que possa fazer chamadas de voz usando softwares específicos; não tem o tamanho confortável nem o teclado de um computador; não  é portátil como um celular; não cabe na bolsa, se esta for pequena; não é perfeito para a digitação de textos, mas quem precisa disso, certo? Estamos falando de um aparelhinho que, a princípio, não só não se encaixa em categoria nenhuma como traz uma série de deficiências. Os tablets ou e-readers como o iPad, da Apple, e o Samsung Galaxy Tab, da Samsung, são os mais novos sonhos de consumo do mundo geek. Não se pode explicar muito bem o que são e para que servem, embora a maioria fique com a boca cheia d’água quando vê um!

Há tempos o mercado vem tentando emplacar um aparelho desse tipo. Nunca deu muito certo porque faltava um ingrediente mágico: o mundaréu de aplicativos que fazem com que os tablets sejam um universo de diversão. O pozinho mágico de Steve Jobs também ajudou um bocado e o iPad fez a diferença: abriu as porteiras para os modelos da concorrência tentarem fazer o que sempre fazem –  algo parecido com um produto Apple.

O iPad é mesmo “essa coca cola”  toda, isso é certo. Mesmo que a princípio não sirva para nada. Fato é que, depois que se põe a mão em um, ele passa a servir para tudo: ler livros com um conforto relativo (o brilho incomoda um pouco os olhos), jogar, twittar, facebookar, organizar agenda, calendário, tudo com a pontinha dos dedos e numa tela gigante quando comparada à de um telefone. E como não podia deixar de ser, para fazer inveja nos outros ele é um achado!

Os livros e revistas disponíveis na função Books só fazem encher os olhos e, para deixar o consumidor com o gostinho de “quero mais”, é possível baixar muitos exemplares de livros de graça – a maioria já caiu em domínio público, ou seja, não há pagamento de direitos autorais. Depois que se entra na função Books, a sensação é a de estar dentro de uma biblioteca, com direito a estantes e tudo o mais. O aplicativo é muito bem feitinho e é gostoso ver as estantes se enchendo, tal qual na vida real. Falta a possibilidade de marcar a página com a unha, assim como o cheirinho de papel velho que os amantes de livros adoram, mas há compensações, como a praticidade.

Passear pela App Store, a loja de download de aplicativos do iPad e do iPhone, é uma gostosa diversão. Encontra-se desde robôs dançantes a gatinhos que arranham a tela, passando por softwares de correção instantânea de fotos e jogos viciantes como o Angry Birds, coqueluche da hora.

Para levar no avião, no metrô ou no ônibus, nada melhor que uns livrinhos digitais, uma coisa tão louca que, depois que você começa a usar, fica se perguntando como pôde viver sem aquilo até agora. E viveu, e bem, mas sem a delícia de correr com os dedos pela tela, usar um fonezinho para fazer ligações (sim, o iPad 3G também serve para falar, desde que se use o Skype ou outro programa de Voz sobre IP) ou simplesmente jogar Paciência.

Brinquedo de gente grande talvez seja a melhor definição para um tablet. Ele não faz muita diferença quando o assunto é trabalho – a não ser que se adote um tecladinho e um apoio para que ele fique na posição de desktop. Eis uma boa saída para quem está querendo aposentar o notebook velho de guerra ou até mesmo, coitado, aquele netbook que chegou há tão pouco tempo e já está sendo posto de lado. O meu está – e agora fico tentando arrumar espaço para tudo isso dentro da bolsa. Porque o iPad é como o iPhone – acaba virando um bichinho de estimação, uma extensão do nosso corpo. Simplesmente porque carregam aquilo que mais amamos – as fotos, a organização pessoal, as mensagens queridas, os programas para falar com família e amigos onde quer que se esteja e, claro, um design arrebatador porque, como dizia o mestre Nelson Rodrigues, que me desculpem os feios, mas beleza é fundamental.

E antes que perguntem que modelo de tablet vale mais a pena levar para casa – se iPad ou Samsung Galaxy Tab, por exemplo – arrisco-me a dizer, do alto de quem conhece bem os dois, que o iPad é mais bonito, mais vistoso e tem uma maçã lindona nas costas. Mas o Galaxy Tab é mais máquina. Se não fosse a conexão redonda que meu iPad tem com o meu MacBook e com meu iPhone, eu levaria para casa o Galaxy Tab sem pestanejar.

*Elis Monteiro é repórter e colunista do caderno Info etc do Jornal O Globo, foi repórter especial do caderno Informática do Jornal do Brasil, onde participou da equipe responsável pela criação do caderno Internet.