Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João
Maria Vianney
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11 de outubro último, teve início o ANO
DA FÉ, estabelecido pelo Papa Bento XVI. A data coincide com a comemoração
dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e dos 20 anos da publicação do
Catecismo da Igreja Católica.
Quando
estava em Roma, no ano 2001, assisti admirado, na Praça de São Pedro, à chegada
de milhares de fiéis do movimento Kolping, vindos da Alemanha, sobretudo
homens, cantando com entusiasmo contagiante. Comentei então com um Cardeal
alemão que estava ao meu lado: "Diante disso, Eminência, não se pode
dizer que a Alemanha não seja um país católico!" Ele, porém,
observou, acalmando um pouco o meu entusiasmo: "É, mas a Fé sempre corre
perigo!". Era o Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé.
O
Papa tem se mostrado preocupado com a crise da Fé: "Desde o princípio do meu
ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o
caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o
renovado entusiasmo do encontro com Cristo... Sucede não poucas vezes que os
cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e
políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto
óbvio da sua vida diária. Ora, tal pressuposto não só deixou de existir, mas
frequentemente acaba até negado. Enquanto, no passado, era possível reconhecer
um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos
da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em
grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu
muitas pessoas. Não devemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique
escondida... Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus,
transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento
de quantos são seus discípulos..." (Carta Apostólica Porta Fidei, pela qual Bento XVI proclama o Ano da
Fé).
Nesse
momento, reúne-se com o Santo Padre em Roma a XIII Assembléia Geral do Sínodo
dos Bispos, tendo por tema "A nova evangelização para a
transmissão da fé cristã".
O
que moveu o Papa a essa nova evangelização ele já havia lembrado no discurso
inaugural da Conferência do CELAM, em Aparecida: "Percebe-se certo
enfraquecimento da vida cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença à
Igreja Católica". Na mesma linha, os Bispos do CELAM escreveram: "O
Santo Padre nos responsabilizou ainda mais, como Igreja, na grande tarefa de
proteger e alimentar a fé do povo de Deus... Nas últimas décadas vemos com
preocupação, que numerosas pessoas perdem o sentido transcendental de suas
vidas e abandonam as práticas religiosas... Não resistiria aos embates do tempo
atual uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas normas e
de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e
parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns
sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou
crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça é o
medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo
procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando
em mesquinhez" (Documento de
Aparecida, n. 7, 12, 100 f).