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ívidas,
dívidas e mais dívidas. As pendências financeiras mensais, como parcelas do
cartão de crédito e os pagamentos dos financiamentos, estão entre os principais
problemas dos consumidores, quando o assunto é orçamento. A grande questão é:
por que as pessoas fazem tantas dívidas?
Os
dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio) mostraram, por exemplo, que no
mês de fevereiro deste ano, de todos os endividados brasileiros, mais de 70%
tinham dívidas no cartão de crédito e outros 20% tinham dívidas no carnê.
Pensando nessa realidade, a equipe InfoMoney conversou com especialistas
financeiros para entender por que os consumidores não conseguem evitar as
dívidas.
RAZÃO VERSUS EMOÇÃO - os educadores
começam explicando que a emoção é o principal problema que leva as pessoas a
consumirem irresponsavelmente e, como consequência, acumularem mais e mais
dívidas. “Na maioria das vezes, as decisões que tomamos são decisões emocionais
e não racionais. A gente usa a razão apenas depois, quando tentamos justificar
o porquê de tomarmos tais decisões”, analisa Valter Police.
A
lógica é simples: tomada pelo desejo de adquirir certo bem, boa parte dos
consumidores simplesmente não espera até ter o dinheiro suficiente e acaba
parcelando no cartão, sem ponderar o quanto aquelas parcelas vão comprometer
sua renda futura.
FALTA DE PLANEJAMENTO - o problema se
torna ainda mais grave sem o planejamento financeiro, ou seja, sem ter claro
tudo o que vai entrar e tudo que vai sair ao final do mês. Falando em
planejamento, a educadora financeira e diretora do The Money Camp, Silvia
Alambert, ainda diz que esse é um processo que precisa se tornar um hábito.
“As
pessoas precisam criar o hábito de fazer um planejamento financeiro. Num
primeiro momento vai ser difícil mudar o comportamento em relação ao dinheiro,
mas depois fica mais fácil”, avalia.
A INSTABILIDADE
FUTURA –
outro fator que colabora para o acúmulo de dívidas e que também decorre da
falta de planejamento é a instabilidade futura. Se hoje você está empregado e a
economia está aquecida, amanhã o País pode entrar em uma forte crise e você se
juntar ao grupo dos desempregados.
Dentro
de um planejamento financeiro, o consumidor deve poupar para enfrentar os
momentos de crise, explica a educadora financeira. Além dos altos e baixos da
economia, vários imprevistos podem acontecer, como um problema grave de saúde,
um conserto mais caro do carro, que levam a pessoa a recorrer ao crédito mais
caro, já que não possui reserva financeira própria para lidar com isso.
VIVENDO FORA DA
REALIDADE -
mais um fator que estimula as dívidas é querer viver fora da sua realidade
financeira. Isso acontece por diversos motivos. Os jovens, por exemplo, ao estudarem
em escolas em que o perfil médio é de uma classe social acima da deles,
acabaram querendo se encaixar nesse perfil e vão entrando nas dívidas.
Na
prática, ele vai tentar se igualar comprando produtos com o dinheiro que não
tem, ou seja, parcelando. O problema é que isso vai ser impossível de sustentar
a longo prazo, explica o educador.
Os
adultos também têm esse tipo de comportamento, financiando carros com valores
que não fazem parte da sua realidade financeira ou mesmo comprando imóveis
acima do seu padrão de vida.
CRÉDITO FÁCIL - se os consumidores
só quisessem comprar, mas fosse limitados por conta da falta de crédito, a
situação talvez não seria tão preocupante. O problema é que os bancos e as
instituições financeiras cada vez mais facilitam esse crédito, oferecendo,
inclusive, os créditos pré-aprovados do cartão de crédito.
Toda
essa facilidade em obter crédito, somada ao comportamento irresponsável e à
falta de planejamento financeiro, inevitavelmente leva às dívidas.