E
|
m
seu primeiro encontro do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central decidiu nesta quarta-feira (17) cortar a taxa básica de juros (a Selic)
em 1/2 ponto percentual, indo de 11% para 10,5% ao ano. É
o menor valor desde junho de 2010 (10,25%).
O
quarto corte seguido dessa magnitude, em um movimento iniciado em agosto
passado, era amplamente esperado pelo mercado.
A
decisão foi unânime. Pelo comunicado, o Copom informou que: "um ajuste
moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da
inflação para a meta em 2012", repetindo o comunicado anterior.
A
Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação ou estimular
a economia. Quando a taxa cai, estimula o consumo. Quando sobe, reduz a
atividade econômica porque os empréstimos e as prestações ficam mais caros.
Esta
foi a nona reunião do Copom sob o mandato da presidente Dilma Rousseff e com o
Banco Central sob o comando de Alexandre Tombini. Foi também o primeiro
encontro de 2012.
Nas
primeiras cinco reuniões, o comitê decidiu elevar a taxa. Nas duas primeiras, a
alta foi de 1/2 ponto percentual. Em outras três
posteriores, o aumento foi de 0,25 ponto percentual. Já na sexta reunião o BC
surpreendeu o mercado ao anunciar um corte de 1/2 ponto percentual. No sétimo e no oitavo
encontro, houve novamente corte de 1/2 ponto. No início
do governo Dilma, a Selic estava em 10,75%.
ENTENDA A RELAÇÃO
ENTRE JUROS E INFLAÇÃO
Os
juros são empregados, entre outras razões, para tentar controlar a inflação.
Quando o Banco Central considera que há risco de inflação, ele eleva os juros.
Assim, as prestações e os empréstimos ficam mais caros e as pessoas consomem
menos. Isso ajuda a reduzir a inflação.
Quando
a economia fica mais fraca e as pessoas gastam menos, o BC faz o contrário,
reduzindo os juros e o custo dos empréstimos, para estimular as compras.
A
alta de preços ocorre quando há muita procura por produtos e menos quantidade
para atender a essa necessidade.
A
inflação oficial é medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O
centro da meta do BC para a inflação neste ano é de 4,5%.
A
meta pode ter variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, ou
seja, a inflação poderia ir de 2,5% a 6,5%.
Em
2011, a inflação quase estourou o limite máximo da meta do governo, acumulando
alta de 6,5% - o maior resultado desde 2004.
Em
meados do ano passado, o governo adotou medidas para desestimular o consumo:
aumentou o valor do pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito; elevou o
IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre gastos no cartão de crédito
fora do país e sobre captações de recursos no exterior; tornou obrigatória uma
entrada de pelo menos 20% nos financiamentos entre 24 e 36 meses para carros
novos ou usados.
Agora
a preocupação é de que o consumo se mantenha, para o país não enfrentar
problemas, em razão da crise global.
JUROS ALTOS SÃO BONS
PARA ALGUMAS APLICAÇÕES
Os
juros no Brasil ainda são considerados muito altos. Um aspecto positivo dos
juros altos é que eles remuneram melhor as aplicações financeiras. Isso é bom
para os investidores brasileiros e também para os estrangeiros que procuram o
país.
Quando
alguém investe em fundos ou títulos públicos, por exemplo, recebe um rendimento
mensal maior se os juros estiverem mais altos.
Por
outro lado, os juros altos prejudicam as empresas, que ficam mais receosas de
tomar empréstimos para investir em expansão.
Por
isso os empresários reclamam dos juros altos. Nesse cenário, também se torna
mais difícil a criação de empregos.
O
Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da
política monetária e definir a taxa de juros.
O
colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de
Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos
Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização,
Liquidações e Desestatização, e Administração.
(Com informações da Reuters e UOL)