Derretimento da cobertura de gelo e perda de
floresta são críticos. Reunidos em Londres, pesquisadores pediram
ações urgentes.
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mundo está perto de atingir um estado crítico
que vai torná-lo irreversivelmente mais quente, tornando esta década crítica
nos esforços para conter o aquecimento global, alertaram cientistas na
segunda-feira (26).
Reunidos
em Londres, na Inglaterra, para a conferência "Planeta sob pressão",
que se encerra amanhã (29), pesquisadores afirmaram que mesmo com diferentes
estimativas, as temperaturas do mundo parecem caminhar no sentido de um aumento
de 6ºC até 2100, caso a emissão de gases do efeito estufa aumente sem controle.
Com
o crescimento das emissões, especialistas dizem que o mundo está perto de
atingir limites que vão tornar os efeitos do aquecimento global irreversíveis,
como o derretimento da cobertura de gelo polar e perda de floresta.
"Esta é a década
crítica. Se nós não invertermos a curva nesta década nós vamos ultrapassar
estes limites",
disse Will Steffen, diretor executivo do instituto de mudança climática da
Universidade Nacional da Austrália.
Apesar
deste senso de urgência, um novo tratado global sobre mudança climática que
obrigue os maiores poluidores mundiais, como os Estados Unidos e a China, a
cortar emissões só será acordado em 2015 - para entrar em vigor em 2020.
MOMENTO LIMITE
Para
a cobertura de gelo - enormes refrigeradores que retardam o aquecimento do
planeta - o ponto limite já foi ultrapassado, afirmou Steffen. A cobertura de
gelo do oeste da Antártica já encolheu ao longo da última década e a cobertura
da Groenlândia perdeu em torno de 200 km³ por ano, desde 1990.
A
maioria das estimativas climáticas concorda que a floresta amazônica vai se
tornar mais seca conforme o planeta esquente. Mortes de grandes porções de
floresta provocadas pela seca têm aumentado temores de que estamos prestes a
viver um ponto limite, quando a vegetação vai parar de absorver emissões e
começar a liberar gases na atmosfera.
Nos
piores cenários, entre 30 a 63 bilhões de toneladas de carbono podem ser
liberadas por ano a partir de 2040, aumentando para até 380 bilhões até 2100. Como
comparação, a quantidade de CO2 liberada por combustíveis fósseis anualmente é
de 10 bilhões de toneladas.
O
aumento do CO2 na atmosfera também tornou os oceanos mais ácidos conforme eles
absorvem os gases. Nos últimos 200 anos, a acidificação dos oceanos ocorreu em
uma velocidade não vista em 60 milhões de anos, disse Carol Turley do
Laboratório Marinho de Plymouth.