Agência Brasil e IG
“Estados e municípios que não fizeram a
correção salarial alegam esperar por posição oficial do Ministério da Educação”
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um ano letivo começou e permanece o impasse em torno da Lei do Piso Nacional do
Magistério. Pela legislação aprovada em 2008 e endossada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) em 2011, o valor mínimo a ser pago deveria ter sido reajustado em
janeiro, mas como o Ministério da Educação (MEC) ainda não oficializou o novo
valor, Estados e municípios ainda não fizeram a correção. Segundo o governo,
quem estiver abaixo do piso quando o valor for divulgado terá de pagar a
correção retroativa.
O
texto da Lei deixa claro que o reajuste deve ser calculado com base no
crescimento dos valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb). Se confirmado a previsão de arrecadação, o aumento deverá ser
de 21% e o piso mensal para 40 horas semanais passará de R$ 1.187 para R$
1.430. Em 2010 era de R$ 1.024 e, em 2009, primeiro ano da vigência da lei, o
piso era R$ 950.
Na
Câmara dos Deputados tramita um projeto de lei para alterar o parâmetro de
reajuste do piso que teria como base a variação da inflação. Por esse critério,
o aumento em 2012 seria em torno de 7%, abaixo dos 21% previstos. A proposta
não prosperou no Senado, mas na Câmara recebeu parecer positivo da Comissão de
Finanças e Tributação. De acordo com o MEC, o novo valor será divulgado em
breve.
Além
dos Estados que eventualmente não tenham chegado ao valor que será especificado
para 2012, em outubro do ano passado, levantamento mostrava que ainda havia
nove Estados que não pagavam o piso de 2011.
O
texto da legislação determina que a atualização do piso deverá ser calculada
utilizando o mesmo percentual de crescimento do valor mínimo anual por aluno do
Fundeb. As previsões para 2012 apontam que o aumento no fundo deverá ser em
torno de 21% em comparação a 2011. O MEC espera a consolidação dos dados do
Tesouro Nacional para fechar um número exato, mas em anos anteriores não houve
grandes variações entre as estimativas e os dados consolidados.
“Criou-se
uma cultura pelo MEC de divulgar o valor do piso para cada ano e isso é
importante. Mas os governadores não podem usar isso como argumento para não
pagar. Eles estão criando um passivo porque já devem dois meses de piso e não
se mexeram para acertar as contas”, reclama o presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão. A entidade prepara
uma paralisação nacional dos professores para os dias 14,15 e 16 de março. O
objetivo é cobrar o cumprimento da Lei do Piso.
A
Lei do Piso determina que nenhum professor pode receber menos do valor
determinado por uma jornada de 40 horas semanais. Questionada na Justiça por
governadores, a legislação foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
no ano passado. Entes federados argumentam que não têm recursos para pagar o
valor estipulado pela lei. O dispositivo prevê que a União complemente o
pagamento nesses casos, mas desde 2008 nenhum estado ou município recebeu os
recursos porque, segundo o MEC, não conseguiu comprovar a falta de verbas para
esse fim.
“Os
governadores e prefeitos estão fazendo uma brincadeira de tremendo mau gosto. É
uma falta de respeito às leis, aos trabalhadores e aos eleitores tendo em vista
as promessas que eles fazem durante a campanha de mais investimento na
educação”, cobra Leão.