segunda-feira, 18 de julho de 2011

SUSTENTABILIDADE E GESTÃO DE TALENTOS


Claudio Tieghi

Claudio Tieghi
Presidente da Associação Franquia Sustentável (Afras) e
Diretor de responsabilidade social do Grupo Multi Holding
Já é senso comum reconhecer que o crescimento da economia tem impulsionado (e até pressionado) o empresariado a considerar o capital humano um dos principais elos para o desenvolvimento dos negócios. Estamos em um momento em que as pessoas não podem ser mais consideradas simplesmente “recursos humanos”, colocados à disposição da empresa, mas sim a personificação dos talentos que ela possui. As pessoas se tornaram a vantagem competitiva dos negócios em um cenário que, predominantemente, tende a commodity e, consequentemente, à guerra de preços.

Surge então uma nova forma de lidar com as pessoas no ambiente de trabalho, a chamada gestão de talentos. Algo complexo, mas que não deve ser encarado como difícil de ser implementado ou, o que é pior, possível de ser incorporado somente por grandes empresas. Os conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social nos ajudam a compreender que as pessoas devem ser consideradas prioritárias para o desenvolvimento dos negócios.

De que forma? Ao estabelecermos uma relação ética e transparente com os diferentes públicos com os quais as empresas se relacionam, as empresas estão criando pactos sociais que reconfiguram as relações, principalmente no ambiente de trabalho. Questões básicas, como motivação e boa remuneração, atendem de forma parcial as inúmeras demandas de uma sociedade contemporânea, cheia de expectativas e questionamentos.

A gestão de talentos deve considerar a capacitação das pessoas, a otimização dos critérios gerenciais, a harmonização e a promoção das relações culturais, a criação de espaços para adaptação e inovação. Tudo isso envolvendo grupos em causas comuns, preservando a diversidade. E, é claro, garantindo boa remuneração e condições para o crescimento e a ascensão na carreira. Para lidar com essas e outras questões, existem os indicadores de responsabilidade social criados pelo Instituto Ethos, destinados a vários setores da economia, como o bancário e o industrial. No caso das pequenas empresas, existem os indicadores elaborados em conjunto com o Sebrae. Já o franchising dispõe dos indicadores Ethos/ABF/Afras que orientam essa modalidade de negócio.

Trata-se de um questionário que permite às empresas avaliar a sua situação atual e traçar caminhos mais sustentáveis para o desenvolvimento dos negócios, gerenciando também de forma mais profissional e contextualizada os seus talentos. O questionário do franchising, que foi elaborado a partir da base criada pelo Sebrae exclusivamente para pequenas empresas, tem 124 novas questões, divididas entre 7 temas, sendo que 29 delas se referem ao público interno, dada a sua importância estratégica para o sucesso dos negócios.

O questionário avalia o desempenho das empresas em quesitos como cuidado com saúde, segurança e condições de trabalho, benefícios, critérios de contratação, valorização da diversidade e promoção da equidade, inclusão de pessoas com deficiência, relações com sindicatos, compromisso com o desenvolvimento profissional e empregabilidade e acesso à informação.

Ao incorporar esses itens na gestão e equilibrá-los, torna-se possível transformar o ambiente de trabalho e as relações internas e externas e obter, naturalmente, melhores resultados. Afinal, pagar impostos e gerar lucros e empregos é um conceito da década de 1950, já ultrapassado. Estamos no século 21, época em que a responsabilidade social das empresas diz respeito também ao cultivo e à valorização de talentos.