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desenho das eleições municipais de 2012 já
começou a ser traçado nas mais importantes capitais brasileiras. Mas ainda
acumula pendências que dependem do consenso de um desorientado PSDB, sobretudo
em São Paulo, e da articulação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
considerado, entre os partidos governistas, o grande maestro político do
próximo pleito.
Ninguém duvida que será de Lula a última palavra sobre os nomes
que serão apoiados pelo PT no Recife e em Belo Horizonte, Porto Alegre e
Campinas. “Ainda há divergências e arestas a serem aparadas em diversos
municípios. Mas avançamos muito nas grandes cidades”, diz André Vargas,
coordenador de comunicação do PT. A atuação política de Lula e sua capacidade
de transferência de votos, depois de deixar o comando do País com índices
recorde de popularidade, será uma das peculiaridades do pleito de 2012.
A eleição de outubro também será a primeira em que candidatos
estarão sob as limitações impostas pela Lei da Ficha Limpa e farão campanhas
num cenário de ofensivas judiciais que resultaram na cassação de 280 prefeitos
eleitos em 2008. “O STF ainda vai julgar uma ação que questiona a validade da
Lei da Ficha Limpa. Mas, até o julgamento, ela está valendo e acreditamos que
os ministros vão mantê-la em funcionamento”, avalia o juiz eleitoral Marlon
Reis, coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
O JULGAMENTO DO SÉCULO
O ano 2012 reserva um capítulo especial na vida política do
País. Quase sete anos depois de vir à tona, o caso do mensalão, um dos maiores
escândalos políticos da história do Brasil, deve ir a julgamento. Nunca antes
tantas autoridades de tão grosso calibre correram risco real de ser condenadas
pelo Supremo Tribunal Federal. A depender do resultado, o julgamento do
mensalão pode tornar-se um marco na luta contra a corrupção e a impunidade. A
sentença a ser proferida pelos ministros do STF também terá o poder de definir
como será o sistema de financiamento das campanhas eleitorais daqui para
frente.
Do ponto de vista político, o desfecho do julgamento, qualquer
que seja ele, certamente irá influir nas eleições municipais de outubro e nas
presidenciais de 2014. “A sociedade clama por justiça e os ministros do Supremo
são sensíveis a essa demanda. Há um predomínio do bom-senso e a vontade é de
que o processo seja julgado em tempo hábil”, afirma o jurista Maurício Corrêa.
Com a experiência de quem foi ministro do Supremo, ele admite que a corte não
está isenta de pressões de certos grupos, e, diante disso, deve trabalhar para
mostrar ainda mais independência. “As punições não devem se restringir aos
pequenos”, diz.
JEFFREY SACHS: “O DINHEIRO DISTORCE A POLÍTICA
NOS EUA”
A civilização tem um preço, e os Estados Unidos estão sofrendo
porque não querem pagá-lo. Para o economista Jeffrey Sachs, de 57 anos,
professor da Universidade Colúmbia, em Nova York – conselheiro do
secretário-geral da ONU e famoso mundialmente pelo empenho em causas como luta
contra a pobreza, perdão a dívidas de países pobres, cuidado ambiental e saúde
pública –, esse preço inclui principalmente mais impostos.
Ele propõe uma elevação do volume de tributos coletados em seu
país, hoje equivalente a 25% do PIB, para algo acima de 35%, como vigente nos
países escandinavos (com ótimos serviços
públicos) e no Brasil do SUS. A terapia completa, apresentada em seu novo
livro, The price of civilization (O preço
da civilização, ainda sem data de lançamento no Brasil), incluiria também
uma guinada moral e uma reação social contra o consumismo.
Por Redação, com Congresso em Foco