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um produto de limpeza sem qualquer garantia de qualidade e segurança significa
um grave risco. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ligada ao
Ministério da Saúde, e as vigilâncias locais têm intensificado o combate desse
tipo de produto, para coibir a pirataria. Outra ação realizada pela ANVISA é
levar informação ao consumidor sobre o perigo que o produto de limpeza ilegal
representa. Além de não matar os microorganismos causadores de doenças, os
saneantes pirateados podem provocar alergias, intoxicações e até mesmo a morte.
Não
usar produtos de limpeza ilegais previne uma série de acidentes, como o
ocorrido em março do ano passado, em Niterói (RJ), com o garoto L.F.S.F, de
quatro anos. Ele bebeu meio copo de cloro, que estava indevidamente guardado em
uma garrafa de refrigerante, na geladeira de sua casa. Imediatamente a criança
vomitou e, minutos depois, se queixou de dores retroesternais (atrás do esterno
- osso situado na parte anterior do tórax). Após ficar em observação por 24
horas, recebendo soros e analgésicos, felizmente L.F.S.F voltou para casa, sem
mais complicações. Um dos graves problemas dos saneantes ilegais diz respeito à
forma como eles são embalados, em garrafas de sucos e refrigerantes e com
colorações chamativas, que atraem a atenção das crianças.
Caso
semelhante aconteceu com a menina L.T.C.S, de dois anos e nove meses, em Duque
de Caxias (RJ). Após ingerir uma pequena quantidade de um desinfetante pirata,
ela começou a tossir e apresentou alguns cortes nos lábios. A mãe, sem saber o
que fazer, deu leite para a filha, que vomitou duas vezes antes de chegar ao
hospital. Nesses casos, a Anvisa recomenda nunca dar nada para a pessoa beber
ou comer. A substância ativa desse desinfetante, por exemplo, é lipossolúvel,
ou seja, solúvel em gordura. "Assim, quando a mãe deu leite, produto rico
em gordura, ao filho envenenado, provavelmente a intoxicação foi mais severa,
pois aumentou o tempo de contato da substância no corpo da criança",
lamenta o técnico em saneantes da ANVISA, Andersem Santos. Em casos de intoxicação
deve-se procurar imediatamente ajuda médica.
Casos
como os que envolveram essas crianças têm sido registrados com freqüência no
país e possuem relação com um hábito cada vez mais comum nas grandes cidades.
Adquirir produtos de limpeza sem qualquer tipo de regularização e vendidos na
rua põe em risco a segurança e a saúde de quem compra e de seus familiares. A
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apresentou resultados de uma
pesquisa que mostrava que cerca de 40% da água sanitária consumida só no
município de São Paulo eram ilegais.
"A água sanitária é uma substância de alto risco, à base de cloro.
Se houver excesso deste elemento na fórmula, pode-se provocar intoxicação
respiratória", alerta Andersem Santos.
CARTILHA
No
dia 1º de setembro, a Anvisa promoveu um evento no Rio de Janeiro para
intensificar as ações contra os produtos de limpeza ilegais e para informar a
população sobre o perigo do uso desses produtos. Com o apoio da Vigilância
Sanitária Estadual distribuíram-se cerca de 300 mil cartilhas com orientações
para os consumidores de saneantes.
A
publicação apresenta um conteúdo acessível e mostra os cuidados que as pessoas
devem tomar ao comprar artigos de limpeza. Os textos ensinam o consumidor a
identificar se o produto é pirata ou legal. "Os saneantes clandestinos são
vendidos por ambulantes em caminhões, peruas e de porta em porta, mas também
são oferecidos em lojas que revendem produtos e artigos para limpeza em
geral", denuncia o documento.
A
cartilha também informa que os piratas podem causar queimaduras, problemas
respiratórios, irritações, machucados e graves intoxicações. É fácil
identificar um produto falsificado. Normalmente são fabricados em fundo de
quintal e não têm sequer um rótulo de identificação, explica Andersem.
"Muito cuidado!", alerta a cartilha. Segundo o documento, os produtos
de limpeza clandestinos normalmente são vendidos em embalagens reaproveitadas
de refrigerante, sucos e outras bebidas. Geralmente possuem cores bonitas e
atrativas, principalmente para crianças.
Isso representa mais um agravante.
Em
relação aos produtos do mercado, os piratas apresentam preço muito baixo, mas
não possuem eficácia na limpeza. Na maioria só possuem cor e cheiro agradável.
Além de não limparem direito, deixando sujeira e germes na casa e em outros
locais, podem provocar sérios danos à saúde. "O barato pode sair
caro!", diz a cartilha.
A
cartilha chama a atenção ainda para que o consumidor não compre inseticidas,
raticidas, mata-baratas, repelentes ou similares que não possuam embalagem
própria e rótulo com informações sobre o produto e o fabricante. Acidentes com
esses artigos clandestinos, como "chumbinho" e "mão
branca", são muito comuns.
Mesmo
adquirindo produtos de limpeza em estabelecimentos regulares, a população deve
seguir alguns cuidados, conforme alerta a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Os consumidores devem guardar estes produtos bem longe das bebidas,
alimentos, medicamentos e cosméticos, para não serem confundidos. A cartilha
também recomenda inutilizar as embalagens vazias dos produtos.
COMO DENUNCIAR
A
fiscalização da venda de produtos de limpeza ilegais é também responsabilidade
das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. A ANVISA precisa do apoio de
cada município para que esse trabalho seja eficaz. Como os vendedores dos
produtos piratas não têm pontos fixos de venda, a tarefa não é simples. Por
isso a contribuição de todos, denunciando os piratas, ajuda muito, pois o
objetivo da fiscalização é proteger a saúde da população. Com a conscientização
dos fabricantes e consumidores, fica mais fácil evitar acidentes. A ANVISA
recebe denúncias por telefone, carta, site ou por meio das Vigilâncias
Sanitárias Estaduais.
SERVIÇO
O
Sistema Único de Saúde atende todo tipo de acidente com saneantes. Se isso
ocorrer, deve-se procurar o posto de saúde mais próximo. O paciente terá o
atendimento necessário e, se for preciso, será encaminhado para uma unidade
especializada.
Mais
informações no DISQUE SAÚDE: 0800 61 1997
Denuncie: ANVISA
- MINISTÉRIO DA SAÚDE
SEPN 515,
Bloco B, Edifício Ômega, 1º Subsolo - Brasília (DF)
CEP
70770-502 - Telefone: (61) 3448-1235
Fonte: Portal da
Saúde - MS