Claudio Tieghi |
Claudio Tieghi
Presidente da Associação Franquia
Sustentável (Afras) e
Diretor de responsabilidade social
do Grupo Multi Holding
Já é senso
comum reconhecer que o crescimento da economia tem impulsionado (e até
pressionado) o empresariado a considerar o capital humano um dos principais
elos para o desenvolvimento dos negócios. Estamos em um momento em que as
pessoas não podem ser mais consideradas simplesmente “recursos humanos”,
colocados à disposição da empresa, mas sim a personificação dos talentos que
ela possui. As pessoas se tornaram a vantagem competitiva dos negócios em um
cenário que, predominantemente, tende a commodity e, consequentemente, à guerra
de preços.
Surge
então uma nova forma de lidar com as pessoas no ambiente de trabalho, a chamada
gestão de talentos. Algo complexo, mas que não deve ser encarado como difícil
de ser implementado ou, o que é pior, possível de ser incorporado somente por
grandes empresas. Os conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social
nos ajudam a compreender que as pessoas devem ser consideradas prioritárias
para o desenvolvimento dos negócios.
De
que forma? Ao estabelecermos uma relação ética e transparente com os diferentes
públicos com os quais as empresas se relacionam, as empresas estão criando
pactos sociais que reconfiguram as relações, principalmente no ambiente de
trabalho. Questões básicas, como motivação e boa remuneração, atendem de forma
parcial as inúmeras demandas de uma sociedade contemporânea, cheia de
expectativas e questionamentos.
A
gestão de talentos deve considerar a capacitação das pessoas, a otimização dos
critérios gerenciais, a harmonização e a promoção das relações culturais, a
criação de espaços para adaptação e inovação. Tudo isso envolvendo grupos em
causas comuns, preservando a diversidade. E, é claro, garantindo boa
remuneração e condições para o crescimento e a ascensão na carreira. Para lidar
com essas e outras questões, existem os indicadores de responsabilidade social
criados pelo Instituto Ethos, destinados a vários setores da economia, como o
bancário e o industrial. No caso das pequenas empresas, existem os indicadores
elaborados em conjunto com o Sebrae. Já o franchising dispõe dos indicadores
Ethos/ABF/Afras que orientam essa modalidade de negócio.
Trata-se
de um questionário que permite às empresas avaliar a sua situação atual e
traçar caminhos mais sustentáveis para o desenvolvimento dos negócios,
gerenciando também de forma mais profissional e contextualizada os seus
talentos. O questionário do franchising, que foi elaborado a partir da base
criada pelo Sebrae exclusivamente para pequenas empresas, tem 124 novas
questões, divididas entre 7 temas, sendo que 29 delas se referem ao público
interno, dada a sua importância estratégica para o sucesso dos negócios.
O
questionário avalia o desempenho das empresas em quesitos como cuidado com
saúde, segurança e condições de trabalho, benefícios, critérios de contratação,
valorização da diversidade e promoção da equidade, inclusão de pessoas com
deficiência, relações com sindicatos, compromisso com o desenvolvimento
profissional e empregabilidade e acesso à informação.
Ao
incorporar esses itens na gestão e equilibrá-los, torna-se possível transformar
o ambiente de trabalho e as relações internas e externas e obter, naturalmente,
melhores resultados. Afinal, pagar impostos e gerar lucros e empregos é um
conceito da década de 1950, já ultrapassado. Estamos no século 21, época em que
a responsabilidade social das empresas diz respeito também ao cultivo e à
valorização de talentos.
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