O
|
dólar comercial fechou em baixa na sexta-feira
(3), mesmo depois de o Banco Central ter realizado um leilão de compra da moeda
norte-americana no mercado a termo. Segundo operadores, a queda foi puxada
porque o país continua recebendo intenso fluxo de moeda estrangeira, com a
melhora no cenário internacional.
A
moeda norte-americana registrou queda de 0,27%, cotada a R$ 1,717. É o menor
valor desde 31 de outubro de 2010 (quando valia R$ 1,703). No acumulado da
semana, as perdas foram de 1,24%. No ano, a desvalorização já chega a 8,1%.
Na
manhã da sexta-feira, a autoridade monetária anunciou o leilão de compra de
dólares a termo, semelhante à compra de moeda no mercado à vista. A diferença
se dá na data de liquidação: as compras a termo têm liquidação futura, definida
no momento do anúncio, enquanto as aquisições à vista são fechadas em dois dias
úteis.
Uma
ação do BC no mercado era esperada pelos agentes econômicos, já que a moeda
norte-americana tem se desvalorizado muito nas últimas semanas.
A
liquidação da operação de sexta-feira ocorrerá em 20 de março de 2012 e o BC
definiu como taxa de corte de R$ 1,738. Foi a primeira intervenção da
autoridade monetária no mercado de câmbio neste ano e a primeira operação desse
tipo desde 26 de julho de 2011.
Após
a operação do BC, o dólar chegou a subir, mas a cotação ficou volátil após a
divulgação de dados melhores do que o esperado sobre o mercado de trabalho nos
Estados Unidos. A economia norte-americana registrou a maior geração de
empregos dos últimos nove meses em janeiro e a taxa de desemprego do país caiu
a 8,3%, o menor patamar em quase três anos, segundo informou o Departamento de
Trabalho do país.
Para
alguns profissionais do mercado, o BC pode precisar ser mais incisivo se quer
mesmo manter a taxa de câmbio acima do patamar de R$ 1,70, considerado um
"piso informal" para a cotação. A perspectiva de novas entradas de
recursos estrangeiros diante da recuperação do apetite por risco internacional
favorece um dólar mais enfraquecido.
"O
dólar vai continuar pressionado, porque o momento é de otimismo", disse o
gerente de câmbio da SLW Corretora, Pedro Galdi. Ele apontou como sinal da
forte entrada de recursos estrangeiros no Brasil, o giro financeiro elevado que
a Bovespa vem apresentando nos últimos dias.
"Os
investidores vão aplicar o dinheiro nos países emergentes e o Brasil, com
[taxas de] renda fixa elevada e bolsa subvalorizada, é um destino
privilegiado", afirmou Galdi
Segundo
dados do BC, até o dia 27 passado, as entradas líquidas de dólares no país
estavam em US$ 6,5 bilhões em janeiro, já a maior cifra desde setembro fechado,
quando o superávit havia ficado em US$ 8,484 bilhões.
IOF DE NOVO
A
equipe econômica considera que ainda não são necessárias mais medidas para
evitar um fortalecimento maior do real. Mesmo assim, caso isso ocorra, uma das
principais possibilidades é fazer um novo ajuste no Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) nas operações com derivativos cambais.
Apesar
disso, o governo sabe que o país continuará recebendo fortes fluxos cambais.
Isso porque, entre outros, o Federal Reserve (banco central dos EUA) anunciou,
na semana passada, que vai manter as taxas de juros em níveis
"excepcionalmente baixas" pelo menos até o final de 2014.
Isso
torna as aplicações no Brasil bem mais atraentes, mesmo com possíveis barreiras
tributárias maiores. Hoje, a taxa básica de juros do Brasil está em 10,50% ao
ano, uma das mais elevadas do mundo e que serve de referência para remuneração
de algumas aplicações.
No
final de julho passado, um dia depois de o BC realizar seu último leilão a
termo do ano passado, o governo anunciou uma taxação sobre as exposições em
derivativos cambiais, feitas tanto por instituições financeiras quanto pessoas
físicas, em um esforço para reduzir as apostas contra o dólar e conter a
valorização do real. Naquele momento, o dólar estava cotado próximo a R$ 1,55.
Com informações da Reuters
Nenhum comentário:
Postar um comentário