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mercado de trabalho está favorável aos profissionais de risco. Apesar de os cargos não exigirem alto nível de
escolaridade, a mão de obra disponível não supre a necessidade do mercado. Há
muitas vagas para serem preenchidas, especialmente nas áreas de reciclagem de
materiais, de transporte de cargas tóxicas e inflamáveis e de trabalho nas
alturas com cordas. O aumento da procura pelos produtos reciclados tornou os separadores
de materiais profissionais muito concorridos.
Um
dos atrativos das profissões de alto risco é a contrapartida econômica. O
trabalhador exposto ao perigo recebe um adicional de periculosidade, que
acrescenta 30% no seu salário. Aquele que estiver em situação insalubre tem
incrementos que variam de 10% a 40% sobre o vencimento. Nos casos de risco de
periculosidade e de insalubridade, o trabalhador deve optar apenas por um
índice. O salário varia conforme a ocupação. Nos empregos relacionados à
reciclagem e à higienização, o inicial pode ultrapassar R$ 3 mil. No caso dos
motoristas de cargas perigosas, a média mensal varia entre R$ 1,8 mil e R$ 2,5
mil.
Os
tipos de riscos podem ser classificados em: fachada, altura, rapel, áreas de
risco e áreas de difícil acesso. Os trabalhos perigosos são regulados por 35
Normas Regulamentadoras. As NRs relativas à segurança e à medicina do trabalho
são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, órgãos dos
poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Qualquer
trabalhador, com formação técnica ou não para desempenhar trabalhos perigosos,
precisa passar por treinamento. O processo pode ser ministrado pelo contratante,
pelas empresas de seleção ou por escolas especializadas. "Por mais riscos
que tenha a função, o profissional vai trabalhar com equipamento de proteção
individual ou de proteção coletiva", afirma ele.
A
VIDA POR UM FIO
Uma
das atividades mais perigosas é a de eletricista de linhas de alta-tensão. Além
de encarar grandes alturas, esses profissionais enfrentam o risco de choque. O
trabalho exige precisão e não dá espaço para a margem de erro, já que todo o
procedimento é realizado sem desligar a rede. Todas as Concessionárias de
Energia Elétrica, responsáveis por fornecer energia para milhões de clientes,
tem eletricistas para trabalhar com "linha viva", quando a energia
não pode ser interrompida.
Mauro
Guimarães de Souza, 36 anos, supervisor técnico da Concessionária de Energia do
Rio Grande do Sul, eletricista concursado, está na empresa há dez anos. "Quem entra aqui passa por cursos de
formação para começar a trabalhar. Depois, de acordo com o serviço para o qual
for dirigido, segue fazendo mais especializações. Eu tenho mais de 1,4 mil
horas de treinamento e comando equipes que trabalham com linha viva de média
tensão (até 22,5 KW)", comenta. O perigo é uma constante e exigem
cuidados especiais, entre eles, as condições meteorológicas.
"Não podemos
mexer nos fios quando tem vento forte, trovoadas e mau tempo de uma forma
geral. Nosso equipamento de proteção individual é quase uma armadura. Usamos
luvas de borracha que tiram a mobilidade das mãos. E por cima delas, colocamos
outro par feito em couro. A roupa tem um revestimento de cobre, com a
finalidade de fazer uma blindagem eletrostática (gaiola de Faraday), na qual a
corrente elétrica passa pela roupa e a pessoa não sente a eletricidade", explica Souza.
"Acidentes só
acontecem se não forem respeitados os procedimentos de segurança, se deixar de
usar algum equipamento, ou, ainda, usar equipamento defeituoso", completa.
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