quarta-feira, 18 de abril de 2012

SOBRAM VAGAS PARA AS PROFISSÕES DE ALTO RISCO



O
 mercado de trabalho está favorável aos profissionais de risco. Apesar de os cargos não exigirem alto nível de escolaridade, a mão de obra disponível não supre a necessidade do mercado. Há muitas vagas para serem preenchidas, especialmente nas áreas de reciclagem de materiais, de transporte de cargas tóxicas e inflamáveis e de trabalho nas alturas com cordas. O aumento da procura pelos produtos reciclados tornou os separadores de materiais profissionais muito concorridos.

Um dos atrativos das profissões de alto risco é a contrapartida econômica. O trabalhador exposto ao perigo recebe um adicional de periculosidade, que acrescenta 30% no seu salário. Aquele que estiver em situação insalubre tem incrementos que variam de 10% a 40% sobre o vencimento. Nos casos de risco de periculosidade e de insalubridade, o trabalhador deve optar apenas por um índice. O salário varia conforme a ocupação. Nos empregos relacionados à reciclagem e à higienização, o inicial pode ultrapassar R$ 3 mil. No caso dos motoristas de cargas perigosas, a média mensal varia entre R$ 1,8 mil e R$ 2,5 mil.

Os tipos de riscos podem ser classificados em: fachada, altura, rapel, áreas de risco e áreas de difícil acesso. Os trabalhos perigosos são regulados por 35 Normas Regulamentadoras. As NRs relativas à segurança e à medicina do trabalho são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Qualquer trabalhador, com formação técnica ou não para desempenhar trabalhos perigosos, precisa passar por treinamento. O processo pode ser ministrado pelo contratante, pelas empresas de seleção ou por escolas especializadas. "Por mais riscos que tenha a função, o profissional vai trabalhar com equipamento de proteção individual ou de proteção coletiva", afirma ele.

A VIDA POR UM FIO
Uma das atividades mais perigosas é a de eletricista de linhas de alta-tensão. Além de encarar grandes alturas, esses profissionais enfrentam o risco de choque. O trabalho exige precisão e não dá espaço para a margem de erro, já que todo o procedimento é realizado sem desligar a rede. Todas as Concessionárias de Energia Elétrica, responsáveis por fornecer energia para milhões de clientes, tem eletricistas para trabalhar com "linha viva", quando a energia não pode ser interrompida.

Mauro Guimarães de Souza, 36 anos, supervisor técnico da Concessionária de Energia do Rio Grande do Sul, eletricista concursado, está na empresa há dez anos. "Quem entra aqui passa por cursos de formação para começar a trabalhar. Depois, de acordo com o serviço para o qual for dirigido, segue fazendo mais especializações. Eu tenho mais de 1,4 mil horas de treinamento e comando equipes que trabalham com linha viva de média tensão (até 22,5 KW)", comenta. O perigo é uma constante e exigem cuidados especiais, entre eles, as condições meteorológicas.

"Não podemos mexer nos fios quando tem vento forte, trovoadas e mau tempo de uma forma geral. Nosso equipamento de proteção individual é quase uma armadura. Usamos luvas de borracha que tiram a mobilidade das mãos. E por cima delas, colocamos outro par feito em couro. A roupa tem um revestimento de cobre, com a finalidade de fazer uma blindagem eletrostática (gaiola de Faraday), na qual a corrente elétrica passa pela roupa e a pessoa não sente a eletricidade", explica Souza.

"Acidentes só acontecem se não forem respeitados os procedimentos de segurança, se deixar de usar algum equipamento, ou, ainda, usar equipamento defeituoso", completa.

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