MARIANA VERSOLATO
FOLHA DE SÃO PAULO
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novo estudo sugere que mulheres que começam a fazer reposição hormonal até
cinco anos após a menopausa podem estar mais protegidas do mal de Alzheimer.
A
terapia hormonal, indicada para tratar os sintomas da menopausa (como as ondas de calor), reduz em 30% o
risco desse tipo de demência, segundo pesquisa publicada no periódico
"Neurology", da Academia Americana de Neurologia.
O
benefício, porém, só foi observado nessa janela de cinco anos após a menopausa.
Segundo César Fernandes, presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), a
terapia hormonal já mostrou efeito protetor semelhante, nesse mesmo período,
para osteoporose.
"Essa é uma janela de fragilidade, por causa da
deficiência hormonal nesse momento, mas também de oportunidade de agir", afirma.
De
acordo com Sonia Brucki, coordenadora do Departamento de Neurologia Cognitiva e
do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, já se sabe que o
estrógeno tem efeito protetor no sistema vascular e, em estudos in vitro, o
hormônio aumentou o brotamento neural.
RISCO AUMENTADO
Curiosamente,
o risco de alzheimer aumentou entre as mulheres que começaram a fazer a
reposição de estrogênio e progesterona mais tarde, após os 65 anos.
"Brinco que paciente também tem data de validade. O
momento de intervir é o do problema agudo. Qualquer tratamento extemporâneo
pode até causar danos", afirma Fernandes. O mecanismo pelo qual
isso acontece, porém, ainda não foi esclarecido, segundo Sonia Brucki.
O
resultado dessa pesquisa se soma a outros que podem ajudar médicos e pacientes
na hora de pesar prós e contras do tratamento. O estudo mais conhecido sobre o
tema é o Women Health's Initiative, de 2002, que mostrou que a reposição
aumenta riscos de câncer da mama e de doenças cardiovasculares.
A
relação entre reposição hormonal e alzheimer também é controversa. A observação
de pacientes que tomavam hormônios sugeria uma redução do risco da doença, mas
estudos mais controlados sugeriram o contrário.
Por
isso, pesquisadores resolveram investigar se esse risco está ligado ao momento
em que as mulheres começaram a fazer a reposição.
Para
o estudo, foram acompanhadas, por 11 anos, 1.768 mulheres do Estado de Utah
(EUA), com mais de 65 anos. As participantes deram informações sobre o uso de
terapia hormonal e o ano em que a menopausa começou - do total, 1.105 fizeram a
reposição de hormônios e 176 tiveram alzheimer, sendo 87 do grupo que fez a
reposição e 89 do que não usou a terapia.
Victor
Henderson, médico da Universidade Stanford, disse em comentário que acompanha a
pesquisa que mais pesquisas são necessárias para que os profissionais possam
fazem novas recomendações quanto à terapia hormonal.
"Ainda não está claro o papel do estrógeno na gênese
ou na proteção do alzheimer, e não é possível pensar que a terapia possa ser
indicada para esse fim", diz Brucki.
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