segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Esperança contra Alzheimer


Cientistas da Universidade de Stanford conseguiram transformar diretamente células da pele humana em neurônios sem usar células-tronco embrionárias; apenas adicionando ao tecido da pele moléculas genéticas semelhantes ao DNA, os microRNAs - pequenos RNAs, com cerca de 20 a 22 nucleotídeos. O material foi obtido de uma mulher de 30 anos e é similar ao encontrado no cérebro. A descoberta poderá, no futuro, revolucionar o tratamento de doenças degenerativas, como mal de Alzheimer e Parkinson.
A pesquisa, publicada na "Nature" e reportada pelo "Independent", poderá, um dia, ajudar a desenvolver neurônios diretamente da pele de um paciente para regenerar partes danificadas de seu cérebro ou de sua medula espinhal. E sem a necessidade de extrair células-tronco de embriões humanos, dizem os autores, liderados por Gerald Crabtree.
ESPECIALISTA: Medidas extremas para conter o avanço global do mal de Alzheimer
Trabalhos anteriores haviam demonstrado que as células-tronco derivadas de embriões poderiam ser convertidas em células nervosas maduras. E cientistas já produziram neurônios a partir de células da pele geneticamente modificadas, mas estas foram primeiramente convertidas em pluripotentes, um estágio intermediário, ou seja, com capacidade de se transformar em qualquer outra célula.
Agora, no estudo na Universidade de Stanford, os autores pularam estas etapas e fizeram neurônios a partir de células da pele adicionando duas cadeias curtas de RNA. Eles se disseram surpresos com os resultados.
- Ficamos completamente atônitos - disse Crabtree. - Fizemos neurônios característicos do córtex frontal, muito difícil de se obter.
A inserção de duas moléculas de RNA em células da pele da mulher parecem causar alterações na máquina molecular que controla cromossomos, disse o pesquisador. E isto levou à transformação de célula de pele em neurônios maduros, que funcionam e se comportam exatamente como os naturais, reais, afirmam os cientistas.
Fonte: O Globo

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O crescimento populacional no mundo


O crescimento populacional no mundo é caracterizado como o aumento do número de habitantes no planeta. Esse fenômeno é consequência do crescimento vegetativo, obtido através do saldo entre as taxas de natalidade (nascimentos) e de mortalidade (mortes). Quando a taxa de natalidade é superior à taxa de mortalidade, temos um crescimento vegetativo positivo, caso contrário, a taxa é negativa.
Somente no final do século XVII e início do século XVIII, o crescimento populacional no mundo se intensificou, visto que antes desse período a expectativa de vida era muito baixa, fato que elevava as taxas de mortalidade. Em 1930, a Terra era habitadas por cerca de 2 bilhões de pessoas e, em 1960, esse número atingiu a marca de 3 bilhões, com média de crescimento populacional de 2% ao ano. Durante a década de 1980, a população mundial ultrapassou a marca de 5 bilhões de pessoas.
Atualmente, a taxa de crescimento populacional mundial, inferior a 1,2% ao ano, está em constante declínio. Porém, a expectativa de vida está em ascensão em virtude dos avanços na medicina, saneamento ambiental, maiores preocupações com a saúde, entre outros fatores. Sendo assim, o número de habitantes no mundo continua aumentando.
De acordo com dados divulgados em 2010 pelo Fundo de População das Nações Unidas (Fnuap), a população mundial é de 6,908 bilhões de habitantes. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o contingente populacional do planeta atingirá a marca de 9 bilhões de habitantes em 2050, ou seja, um acréscimo de aproximadamente 2,1 milhões de habitantes, sendo a taxa de crescimento de 0,33% ao ano.
É importante ressaltar que o aumento populacional ocorre de forma distinta conforme cada continente do planeta. A África, por exemplo, registra crescimento populacional de 2,3% ao ano. A Europa, por sua vez, apresenta taxa de 0,1% ao ano. América e Ásia possuem taxa de 1,1% ao ano e a Oceania, 1,3% ao ano.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Vídeo do jogo Amigos de Alagoas 1X0 Amigos de Guarabira(PB)

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O majestoso Estádio Rei Pelé foi palco do
11º ENCONTRO DOS AMIGOS DE GUARABIRA(PB) E AMIGOS DE ALAGOAS

Assista ao vídeo apresentado no Programa ESPORTE CAMPEÃO, com Eduardo Canuto, na TV Pajuçara – Rede Record, clicando abaixo: 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

CADASTRO POSITIVO SOPRA “BONS VENTOS” PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS


Roseli Garcia

Roseli Garcia
Diretora de Parcerias e Operações
da Boa Vista Serviços/SCPC

Os reais impactos da aprovação do Cadastro Positivo na economia brasileira devem ser amplamente debatidos no cenário de abertura de oportunidades para pequenas e médias empresas. Na prática, em sua integralidade, o crédito ganha uma configuração de concessão vantajosa aos que o operam com responsabilidade.

O Cadastro Positivo é essencial para que todos os segmentos cresçam de forma uniforme e coesa. O funcionamento consiste em um banco de dados no qual são anotados dados financeiros e de pagamentos relativos às operações de crédito e obrigações de pagamento adimplidas ou em andamento por pessoa natural ou jurídica. Com isso, permite que o consumidor cadastrado possa ser avaliado também pelo seu histórico de pagamentos efetuados, tornando o processo de concessão de crédito mais completo e mais justo.

De maneira simples, o dispositivo serve para auxiliar consumidores e fornecedores no processo de obtenção e extensão de crédito, pois as informações que nele constam permitem que o comportamento dos cadastrados nesse quesito seja avaliado, de forma a contribuir para que as compras, os financiamentos, os negócios sejam efetuados em bases seguras e confiáveis, com taxas e juros mais baixas para os bons pagadores.

Destaco os ‘bons ventos’ para as pequenas e médias empresas em uma análise do vasto campo a ser explorado por estas. Com melhor qualificação em análise, além de resultados e movimentação de negócios, cria-se um ambiente favorável para diminuição de desigualdades. É um caminho que contempla o pequeno empreendedor e, mais do que isso, incentiva boas práticas de venda e consumo.

É um passo importante para o crescimento e consolidação de novos negócios. Ao contrário dos países ricos, dos quais muitos atualmente passam por crises financeiras e inflexão, o Brasil expande seus horizontes em ambiente de negócios. Com a sanção da lei, galgamos o degrau da inclusão financeira com benefícios para empresas - em especial, aquelas de pequeno porte, que historicamente são adimplentes e impulsionam o mercado nacional.

O Cadastro Positivo precisa ser desenvolvido por empresas íntegras, que respeitem os consumidores e promovam práticas comerciais éticas e responsáveis. Afinal, além de inaugurar uma nova era nos negócios, o dispositivo é democrático: quem autoriza a inserção de suas informações é o próprio consumidor. Aliás, é ele o verdadeiro detentor do poder na dinâmica do Cadastro Positivo, uma vez que o próprio pode excluir o seu nome do banco de dados quando julgar conveniente. Tanto o vendedor quanto o comprador ganham tempo, segurança, praticidade, lucratividade e crédito muito mais rápido.

Aproveite os novos ares e customize seu negócio a essa nova dinâmica! Os resultados, embora não apareçam a curto prazo, certamente serão efetivos e sólidos. 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

SUSTENTABILIDADE E GESTÃO DE TALENTOS


Claudio Tieghi

Claudio Tieghi
Presidente da Associação Franquia Sustentável (Afras) e
Diretor de responsabilidade social do Grupo Multi Holding
Já é senso comum reconhecer que o crescimento da economia tem impulsionado (e até pressionado) o empresariado a considerar o capital humano um dos principais elos para o desenvolvimento dos negócios. Estamos em um momento em que as pessoas não podem ser mais consideradas simplesmente “recursos humanos”, colocados à disposição da empresa, mas sim a personificação dos talentos que ela possui. As pessoas se tornaram a vantagem competitiva dos negócios em um cenário que, predominantemente, tende a commodity e, consequentemente, à guerra de preços.

Surge então uma nova forma de lidar com as pessoas no ambiente de trabalho, a chamada gestão de talentos. Algo complexo, mas que não deve ser encarado como difícil de ser implementado ou, o que é pior, possível de ser incorporado somente por grandes empresas. Os conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social nos ajudam a compreender que as pessoas devem ser consideradas prioritárias para o desenvolvimento dos negócios.

De que forma? Ao estabelecermos uma relação ética e transparente com os diferentes públicos com os quais as empresas se relacionam, as empresas estão criando pactos sociais que reconfiguram as relações, principalmente no ambiente de trabalho. Questões básicas, como motivação e boa remuneração, atendem de forma parcial as inúmeras demandas de uma sociedade contemporânea, cheia de expectativas e questionamentos.

A gestão de talentos deve considerar a capacitação das pessoas, a otimização dos critérios gerenciais, a harmonização e a promoção das relações culturais, a criação de espaços para adaptação e inovação. Tudo isso envolvendo grupos em causas comuns, preservando a diversidade. E, é claro, garantindo boa remuneração e condições para o crescimento e a ascensão na carreira. Para lidar com essas e outras questões, existem os indicadores de responsabilidade social criados pelo Instituto Ethos, destinados a vários setores da economia, como o bancário e o industrial. No caso das pequenas empresas, existem os indicadores elaborados em conjunto com o Sebrae. Já o franchising dispõe dos indicadores Ethos/ABF/Afras que orientam essa modalidade de negócio.

Trata-se de um questionário que permite às empresas avaliar a sua situação atual e traçar caminhos mais sustentáveis para o desenvolvimento dos negócios, gerenciando também de forma mais profissional e contextualizada os seus talentos. O questionário do franchising, que foi elaborado a partir da base criada pelo Sebrae exclusivamente para pequenas empresas, tem 124 novas questões, divididas entre 7 temas, sendo que 29 delas se referem ao público interno, dada a sua importância estratégica para o sucesso dos negócios.

O questionário avalia o desempenho das empresas em quesitos como cuidado com saúde, segurança e condições de trabalho, benefícios, critérios de contratação, valorização da diversidade e promoção da equidade, inclusão de pessoas com deficiência, relações com sindicatos, compromisso com o desenvolvimento profissional e empregabilidade e acesso à informação.

Ao incorporar esses itens na gestão e equilibrá-los, torna-se possível transformar o ambiente de trabalho e as relações internas e externas e obter, naturalmente, melhores resultados. Afinal, pagar impostos e gerar lucros e empregos é um conceito da década de 1950, já ultrapassado. Estamos no século 21, época em que a responsabilidade social das empresas diz respeito também ao cultivo e à valorização de talentos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

INJUSTIÇAS


SUZANAHERCULANO-HOUZEL
SUZANAHERCULANO-HOUZEL

Ver a justiça sendo feita ativa o sistema de recompensa do cérebro, o que nos deixa satisfeitos

O que é justo? Uma defini­ção simples é "aquilo que cor­responde aos seus valores de certo ou errado". O senso de justiça, ao se atrelarão certo/ errado, é, portanto moral -e, por isso, muitos esperariam que fosse racional. Mas não é: tanto os julgamentos mo­rais quanto o senso de justiça são altamente emocionais. E é bom que seja assim.

Se fôssemos guiados só pela racionalidade, aceitaría­mos qualquer oferta que nos beneficiasse, por mais injus­ta que fosse (considerando que qualquer dinheiro é me­lhor do que nenhum), e pou­co importaria se ofertas injus­tas são intencionais ou não.

No entanto, aceitamos dei­xar de ganhar, ou mesmo per­der tempo e dinheiro, para evitar injustiças -o que soa completamente irracional-, e até oferecemos compreen­são a quem é obrigado a ser injusto conosco. Com isso, ga­nha a sociedade, e nós tam­bém ganhamos: a longo prazo, nossa rejeição de injusti­ças contribui para coibir no­vas ofertas injustas.

O detalhe importante é que a aversão à injustiça é auto­mática e sem esforço. Esta se­mana, por exemplo, a rádio onde eu era colunista cance­lou meu boletim diário, mas queria que eu continuasse participando - de graça! - de um programa de entrevistas de grande audiência. Racio­nalmente, qualquer partici­pação na rádio deveria ser melhor do que nenhuma par­ticipação. Mas meu detector de injustiças, situado na in­sula anterior do meu córtex, falou mais alto: "estão sendo intencionalmente injustos co­migo". Rejeitei a oferta e dei­xei a rádio. E estou felicíssi­ma com a minha decisão.

Quanto mais a insula é sen­sível a essas violações do que cada um julga socialmente aceitável, maior o grau de aversão de cada pessoa à in­justiça (minha insula deve vi­ver aos berros). Às v e z e s, c o n ­t u d o, propostas injustas aca­bam sendo aceitas.

Nesses casos, o que se en­contra no cérebro é uma me­nor ativação da insula (a in­justiça é repulsiva, mas su­portável) e um aumento da atividade na região pré-fron­tal que suprime emoções ne­gativas. Ou seja: tolerar tratamentos injustos requer mui­to controle emocional.

Por outro lado, ver a justiça ser feita leva à ativação do sistema de recompensa do cérebro, o que nos deixa invo­luntariamente satisfeitos. E assim caminha a humanidade: repudiando injustiças e preferindo a justiça sem pre­cisar pensar muito a respeito. É, há esperanças...

SUZANAHERCULANO-HOUZEL
é neurocientista, professora da UFR], autora do livro
"Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (Ed. Sextante)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ESPELHO NOSSO


Rosely Sayão
Rosely Sayão*
Faz um tempo que observo a movimentação nos horários de entrada e saída das esco­las. Fora os carros, que atra­palham o trânsito em todo o entorno, há crianças e adoles­centes que saem e entram, so­zinhos ou com seus pais.

É uma confusão geral: cor­reria, gritaria, malas enormes que são arrastadas sem o me­nor cuidado e que produzem muito barulho, buzinas estri­dentes etc. Sempre fico impres­sionada com a indiferença das pessoas envolvidas nessas si­tuações frente a esse caos que vivenciam.

Não é muito diferente o ce­nário que se observa durante o período do recreio, na maioria das escolas.

As crianças parecem ficar desnorteadas com tanta liber­dade: correm e gritam sem di­reção e, invariavelmente, tam­bém sem contexto.

O corre-corre e os gritos não fazem parte de alguma brincadeira que exige tais manifestações.

Um dia desses, vi um garo­to de uns dez anos, mais ou menos, correndo em direção a alguém quando saía da es­cola. Talvez o pai ou um cole­ga, não pude identificar. Acontece que, em seu trajeto, ele esbarrou com força em ou­tro menino um pouco menor que ele que, pela força do em­purrão, foi ao chão.

Você imagina o que aconte­ceu logo em seguida, não ê, lei­tor? Uma briga entre os dois meninos que, para ser aparta­da, precisou de dois adultos.

O garoto que corria não via mais nada além da meta que ele queria alcançar. Tudo o que estava em seu caminho, ele ig­norou: chegou até mesmo a pisar em uma mala estaciona­da que provocou um certo desequilíbrio em sua jornada. Ele conseguiu contornar esse obstáculo, mas ficou no próxi­mo, que era o outro aluno.

Dias depois, ao ler o jornal, vi uma notícia que me fez lem­brar desse caso.

O serviço telefônico da Po­lícia Militar de São Paulo re­gistra, em média, 70 ligações por dia para comunicar de­sentendimentos ocorridos no trânsito.

Pelo menos 20 desses con­flitos acabam com violência fí­sica entre os motoristas todo santo dia.

A relação entre os casos ê inevitável. Nesse mundo em que a vida é vivida com veloci­dade máxima e em que o ou­tro quase sempre é um estorvo ou uma ameaça, os adultos es­tão dispostos a brigar por qual­quer coisa a todo o momento.

O trânsito é uma oportuni­dade excelente para isso, já que é caótico e que consome um tempo precioso da vida das pessoas.

Por que as crianças agiriam de modo diferente, se obser­vam atentamente tudo o que acontece no mundo adulto? A criança, de uma maneira ge­ral, só aceita que outra seja seu par se essa estiver a serviço de seus interesses: a brincadeira que quer brincar, o passeio que quer dar, a lição que precisa fazer etc. Fora dessas situações, outra criança a atrapalha, a ameaça.

Ter de compartilhar brin­quedos, conviver com a dife­rença e tolerar defeitos não são atos comuns entre as crianças. Poucas delas aprendem essas lições, seja na escola que fre­qüentam, seja em casa, com pais e parentes.

O curioso é que, ao obser­varmos ávida dos mais novos, logo percebemos que: eles brigam em demasia; exageram nas reações quando se defron­tam com situações que lhes tra­zem dificuldades, decepções ou frustrações; não sabem ad­ministrar, tampouco resolver os conflitos que a convivência provoca.

Entretanto, não temos a mesma facilidade para cons­tatar que estamos fazendo o mesmo em nossas vidas e que, portanto, os mais novos têm aprendido conosco a agir co­mo agem.

Se conseguirmos retirar a venda de nossos olhos e enxer­gar tudo o que temos ensina­do a eles, talvez fique menos árdua a tarefa educativa, em família ou na escola.

Só assim teremos mais com­paixão e tolerância frente aos erros que eles cometem, já que, afinal, são provocados por nós mesmos.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)
Transcrito do Caderno Equilíbrio da Folha de São Paulo

segunda-feira, 27 de junho de 2011

DEMOCRACIA REAL


Vlâdimir Safatle
As atuais manifestações que sacodem a Europa trouxe­ram uma reivindicação que há muito não se ouvia em países como Reino Unido, Espanha, França: democracia real.

Há algo de importante aqui. Pois poderíamos nos pergun­tar o que haveria de fictício na democracia de países que aprendemos a ver como exem­plos de sistemas políticos con­solidados. Por que largas par­celas de sua população com­preendem que há algo no jogo democrático que parece ter se reduzido exatamente à condi­ção de mero jogo?

Talvez tais manifestantes entenderam que a democracia parlamentar é incapaz de im­por limites e de resistir aos in­teresses do sistema financeiro. Ela é incapaz de defender as populações quando os agen­tes financeiros começam a operar, de modo cinicamente claro, a partir dos princípios de um capitalismo de espolia­ção dos recursos públicos.

Não é por outra razão que se ouve, cada vez mais, a afirma­ção de que a alternância de .partidos no poder não implica mais alternativas de modelos de compreensão dos conflitos e políticas sociais. Por isso, o cansaço em relação aos parti­dos tradicionais não é sinal do esgotamento da política. Na verdade, ele é o sintoma mais evidente de uma demanda de política, de uma demanda de politização da economia.

Em momentos assim, deve­mos lembrar que a democra­cia parlamentar não é o último capítulo da democracia efeti­va. A Islândia tem algo a nos ensinar sobre isso.

Um dos primeiros países atingidos pela crise econômi­ca de 2008, a Islândia decidiu que o uso de dinheiro público para indenizar bancos seria objeto de plebiscito. Maneira de recuperar um conceito de­cisivo, mas bem esquecido, da democracia, a saber, a sobera­nia popular. O resultado foi o apoio massivo ao calote.

Mesmo sabendo dos riscos de tal decisão, o povo islandês preferiu realizar um princípio básico da soberania popular: quem paga a orquestra, esco­lhe a música.

Se a conta vai para a popu­lação, é ela quem deve decidir o que fazer, e não um conjunto de tecnocratas que terão seus empregos garantidos nos ban­cos ou de parlamentares cujas campanhas são financiadas por esses bancos. Como disse o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson: "A Islândia é uma democracia, não um sistema financeiro".

O interessante é que, com isso, saímos dos impasses da democracia parlamentar para dar um passo decisivo em di­reção a uma democracia ple­biscitaria capaz de institucio­nalizar a manifestação neces­sária da soberania popular.

É tal processo que nos colo­ca nas vias de uma democra­cia real. Ele é a condição pri­meira para sair da crise. Pois a verdadeira questão que tal cri­se nos coloca é política: que re­gime político é este que permi­tiu um descalabro deste tama­nho na calada da noite?
Transcrito da Folha de São Paulo

sexta-feira, 1 de abril de 2011

DIA DA MENTIRA


Há muitas explicações para o 1º de abril ter se transformado no Dia da Mentira ou Dia dos Bobos. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de Março, data que marcava a chegada da primavera.

As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1 de abril. Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1 de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.

Em países de língua inglesa o Dia da Mentira costuma ser conhecido como April Fool's Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d'aprile e poisson d'avril, o que significa literalmente "peixe de abril". No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou "A Mentira", um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte.

"A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.