Elmo Nélio Moreira
nflação
é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e
serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o
dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior
dele para adquirir os mesmos produtos.
Há
vários fatores que podem gerar inflação. O aumento muito grande do preço de um
item básico na economia pode contaminar os demais preços provocando uma alta
generalizada. É o caso do petróleo e da energia elétrica, por exemplo. O excesso
de consumo também provoca inflação, pois os produtos tornam-se escassos
ocasionando aumento de seus preços. Em outra hipótese, se o Governo gasta mais
do que arrecada, e para pagar suas contas emite papel-moeda, provoca inflação,
pois está desvalorizando a moeda, uma vez que criou dinheiro novo sem lastro,
sem garantia, sem que tenha havido criação de riqueza, de produção. Assim, os
bens e serviços continuam os mesmos, mas o dinheiro em circulação aumenta de
volume. Passa-se, então, a exigir maior quantidade de dinheiro pela mesma
quantidade de produto, o que alguns economistas chamam de dinheiro fraco,
dinheiro podre.
O
processo inflacionário, quando instalado, é de difícil controle. Funciona como
um círculo vicioso, obrigando a realização de reajustes periódicos de preços e
salários, com o seu consequente agravamento. E quem mais sofre com tudo isso é
a camada mais pobre da população, que não tem como se proteger. Em épocas de
inflação galopante, tivemos no Brasil contas bancárias com reajustes diários
como forma de repor o poder de compra que o dinheiro perdia de um dia para o
outro. Mas as pessoas mais pobres não tinham (e ainda não têm) acesso a contas
bancárias, não podendo se utilizar desse benefício. E assim, seu dinheiro valia
menos a cada dia.
A
Correção Monetária tem o objetivo de minimizar (ou até neutralizar) as
distorções causadas pela inflação na economia. Com ela, os valores monetários
são reajustados com base na inflação ocorrida no período anterior, calculada
por índices que procuram medir as mudanças que ocorrem nos níveis de preços de
um período para outro. No Brasil, o cálculo destes índices é feito por
entidades credenciadas, como o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Outras instituições também têm elaborado estes cálculos, como a
FGV - Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro; FIPE - Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas e o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos, ambos em São Paulo; o IPEAD - Instituto de Pesquisas
Econômicas, Administrativas e Contábeis, em Belo Horizonte, dentre outros.
Os
índices de preços, ou de inflação, são, portanto, indicadores que procuram
mensurar a evolução do nível de preços. É um número que está associado à média
ponderada dos preços de um conjunto de produtos, denominado cesta, em um
determinado período. Assim, se de um mês para o outro determinado índice de
preços sofre uma elevação de 0,6%, por exemplo, significa que os preços que
fazem parte da cesta correspondente a esse índice aumentaram, em média, 0,6%.
Há
diversos índices que são utilizados para medir a inflação, cada um com
metodologia de cálculo própria e com utilização específica. Para aferir, por
exemplo, a variação dos preços dos produtos finais consumidos pela população,
usa-se o índice de custo de vida (ICV) ou o índice de preços ao consumidor
(IPC), tomando por base os produtos de consumo de uma família-padrão para toda
a sociedade ou certa classe. Para medir a variação nos preços dos insumos e
fatores de produção e demais produtos intermediários, usam-se índices de preços
ao produtor ou o índice de preços no atacado (IPA). A inflação no Brasil levou
à criação de muitos índices diferentes para medir a inflação e corrigir a
desvalorização da moeda. Atualmente, os principais são:
IPC Fipe - Índice de
Preços ao Consumidor,
calculado pela FIPE/USP (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da
Universidade de São Paulo), mede a variação dos preços de produtos e serviços,
no município de São Paulo, para famílias que ganham entre um e vinte salários
mínimos.
IGP-M - Índice Geral
dos Preços do Mercado,
calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). A coleta de preços é feita entre
os dias 21 do mês anterior e 20 do mês corrente, com divulgação no dia 30. É
composto por três índices: Índice de Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços
ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que
representam 60%, 30% e 10%, respectivamente, do IGP-M. É um dos índices mais
utilizados.
IPC - Índice de
Preços ao Consumidor,
calculado pela FGV, mede a inflação para famílias com rendimentos entre um e 33
salários mínimos, em São Paulo e no Rio de Janeiro. O IPC representa 30% do
IGP-M. Este índice é calculado para três intervalos diferentes e compõe os
demais índices calculados pela FGV (IGP-M, IGP-DI e IGP-10) com um peso de 30%.
IPA - Índice de
Preços no Atacado,
calculado pela FGV, com base na variação dos preços no mercado atacadista. Este
índice é calculado para três intervalos diferentes e compõe os demais índices
calculados pela FGV (IGP-M, IGP-DI e IGP-10) com um peso de 60%.
INCC - Índice
Nacional do Custo da Construção, calculado pela FGV, mede a variação de
preços de um conjunto (cesta) de produtos e serviços utilizados pelo setor de
construção civil. Este índice é calculado para três intervalos diferentes e
compõe os demais índices calculados pela FGV (IGP-M, IGP-DI e IGP-10) com um
peso de 10%.
IGP-DI - Índice Geral
de Preços - Disponibilidade Interna. É calculado pela FGV entre o primeiro e o
último dia do mês. Sua divulgação ocorre por volta do dia 10 do mês seguinte.
Mede os preços que afetam diretamente a atividade econômica do País, excluídas
as exportações. A exemplo do IGP-M, também é composto pela média ponderada do
IPC, IPA e INCC, calculados para o respectivo período.
INPC - Índice
Nacional de Preços ao Consumidor. Calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e
Curitiba, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. Mede a variação
nos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendas entre um
e oito salários mínimos. O período de coleta de preços vai do primeiro ao
último dia do mês corrente e é divulgado aproximadamente após o período de oito
dias úteis. É o índice mais utilizado.
IPCA - Índice de
Preços ao Consumidor Ampliado. É calculado pelo IBGE nas regiões
metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São
Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do
município de Goiânia. Mede a variação nos preços de produtos e serviços
consumidos pelas famílias com rendas entre um e quarenta salários mínimos. O
período de coleta de preços vai do primeiro ao último dia do mês corrente e é
divulgado aproximadamente após o período de oito dias úteis.
ICV - Índice do Custo
de Vida,
calculado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Sócio-Econômicos) mede a variação dos preços em quatro grupos: alimentação,
transportes, saúde e habitação. A pesquisa é realizada no município de São
Paulo, pegando todas as faixas de renda. O período de coleta de preços vai do
primeiro ao último dia do mês corrente e o índice é divulgado aproximadamente
no início da 2a quinzena do mês seguinte.
ICVM - Índice do
Custo de Vida da Classe Média. Calculado pela Ordem dos Economistas, a
pesquisa é realizada no município de São Paulo tomando como base as despesas
das famílias que tenham uma renda mensal na faixa entre dez e quarenta salários
mínimos. O período de coleta de preços vai do primeiro ao último dia do mês
corrente e o índice é divulgado aproximadamente no décimo dia de mês seguinte.
OUTRAS INFORMAÇÕES
- O contrário de inflação, ou seja, a
redução do nível de preços chama-se deflação.
- Em sua forma extrema, isto é, quando
se encontra fora de controle e com aumentos de preços absurdos, a inflação é
chamada de hiperinflação.
- Em períodos de inflação alta, em que
os preços chegam a sofrer reajustes diários, a população não retém dinheiro,
pois ele se desvaloriza muito rápido. Tão logo recebem o dinheiro as pessoas
compram mercadorias, pois se deixarem para o dia seguinte não conseguirá
comprar tudo o que conseguem comprar hoje.
- O caso mais grave de hiperinflação
que se tem notícia ocorreu na Alemanha, após a primeira guerra mundial, que
chegou a acusar um trilhão por cento entre agosto de 1922 e novembro de 1923.